domingo, 10 de fevereiro de 2013

Cicloturismo Campos de Cima da Serra RS/ Serra Catarinense 750km


Parti de Vera Cruz dia 21 de janeiro ás 5 horas e 30 min., ainda era escuro, não liguei meu farol para não chamar muito a atenção para passar no trevo do Camboim em Santa Cruz do Sul, local este, perigoso para passar durante a parte da noite devido ao tráfico de drogas, prostituição e todas as coisas ruins que possam existir. “Sentei a bota” e passei tranquilo pela “Faixa de Gaza”. Foi quando me deparei que havia esquecido meus óculos de sol em casa, não retornei e resolvi seguir sem ele. Cheguei ao posto 2001 pouquinho antes das 6 horas da manhã, local combinado com a Luiza para começarmos a viagem. Minutos depois, Luiza compareceu. Fizemos mais alguns ajustes e partimos.

As primeiras pedaladas com a bike carregada sempre é um pouco estranho, e de cara, logo tínhamos a subida do Grasel para vencer. O dia começava a clarear com uma temperatura amena. Uma breve parada no pedágio em Venâncio Aires para fazermos xixi e seguimos pela RSC287 em seguida RSC 453, onde fomos até o próximo posto de pedágio para tomarmos  café, chá e balas por conta da Univias. O Sol resolveu aparecer com intensidade, fomos obrigados a passar a meléca corporal.

Em Cruzeiro do Sul meu pneu traseiro resolveu murchar, problema na válvula de ar, nenhum furo. Câmera de ar trocada e fomos embora.

Seguimos até Teutônia. Até então, a pedalada havia rendido, pois o trecho era plano. Esperamos um pouquinho até o almoço ficar pronto e enchemos o tanque de comida. Mal deixamos ela fazer digestão e partimos. Dessa vez para encarar uma forte subida de quase 7km em Westfália. Rumamos pela mesma rodovia até chegarmos a Garibaldi, onde fizemos mais uma breve parada em um posto de combustíveis.

Resolvemos pegar a rodovia que dá acesso ao Parque da Fenachamp, devido ao movimento de veículos serem menores e a estrada com menos buracos.

Tempo depois passamos pelo centro da cidade de Farroupilha, onde novamente ocorreu mais uma parada no posto de pedágio para abastecermos nossas caramanholas e descansarmos um pouco. 

Faltavam poucos kms para chegarmos a Caxias do Sul, cidade esta, onde planejamos pernoitar. No centro de Caxias consultamos nosso GPS de pobre (mapa impresso) para chegarmos até o bairro Santa Corona. Do centro até o bairro descemos muito, mas para chegar ao nosso destino subimos várias subidas muito íngremes, onde foi necessário empurrarmos as bikes. Liguei para o David, nosso anfitrião, dizendo que não estávamos achando a rua em que morava. Minutos depois, tudo resolvido, encontramos com ele e com Diego. 

Mais tarde, após o banho, fomos jantar com comidas na base da pimenta mexicana com cerveja de erva-mate.

Nesse dia, percorrermos 170km.


Segundo dia de viagem: Após o café da manhã na casa de nossos anfitriões, por cerca das 7h e 30 min., continuarmos o nosso roteiro, que estava estipulado até a cidade de Jaquirana. Logo no início uma breve parada em um posto de combustíveis para comprarmos alimentos e repormos a água. Pela Rota do Sol, seguimos até Lageado Grande, município de São Francisco de Paula, onde realizamos nosso almoço. A partir desse ponto, começavam  a aparecer às estradas de terra e os campos. Pedalamos até encontrarmos o local onde estava situada a cascata Princesa dos Campos. Local este, de propriedade particular, onde pagamos míseros R$ 2,50 para ingressarmos. Nessa propriedade, existem chalés para aluguel e área de camping. Mas nossa intenção era Jaquirana, distante a mais 22 km dali. Andamos mais alguns kms e achamos o asfalto, cerca de mais 2km, a entrada de acesso para Jaquirana. Faltavam 14km até o centro, começamos a descer até encontrarmos o rio Tainhas. Após ele, as subidas eram intermináveis até chegarmos à cidade. Nela, logo encontramos um hotel  com um preço bem acessível para pernoitarmos. Total 110km.


Terceiro dia: Acordamos e saímos do centro da pacata Jaquirana. Os campos de Cima da Serra estavam por todo o nosso entorno, juntamente com vários bois e vacas que estavam nas fazendas e no meio da estrada em alguns pontos. Pedalamos cerca de duas horas e entramos na porteira que dava acesso ao Cachoeirão dos Venâncios. Mais dois km de pura pedra, R$ 5,00 de ingresso e nos deparamos com um lugar espetacular, um dos mais bonitos do ciclo turismo. Quedas d’água diversas, trilhas, árvores de diferentes espécies, não tenho outra palavra para descrever este local que não seja uma maravilha. Depois de um bom tempo fotografando belas paisagens, retornamos a porteira. Mais uma vez empurrando as bicicletas, devido à estrada estar muito ruim e com subidas. Foram mais 13km de estrada de terra para nós pedalarmos até o entroncamento com a RS- 020. Desse ponto, restavam 8km de asfalto até chegarmos até o Centro de Cambará do Sul.

Eram cerca de 14horas e 30min, quando chegamos até a cidade. Tratamos de almoçar e entrar em contato com o Luiz Capuano, amigo de Mauro Heck, que está em Iowa, EUA. Mauro, quando soube de nossa expedição, entrou em contato com Capuano, seu velho amigo, para nos ceder um pernoite em sua aconchegante casa. Após o contato com Capuano, fomos até a praça central de Cambará descansar um pouco. Deitei-me na grama e ouvi os sons das caixas de som da Igreja, que soavam alto com músicas religiosas.

Instantes depois, fomos até um supermercado comprar algumas coisas e tomar sorvete. Sentei no meio fio e fiquei com a bunda grudada em um chiclete. Retornamos para a praça. Minutos depois, Capuano, sujeito muito legal e receptivo apareceu. Fomos com ele até sua casa. Aproveitamos para lavar algumas roupas sujas e secar. Ele nos contou várias estórias de quando era escoteiro, da origem de sua família, nos deu informações importantes de nosso roteiro e preparou uma comida muita boa, juntamente com sua esposa Chica. Total do dia 50km.


No quarto dia de viagem, após um ótimo café da manhã junto com o casal, começamos a ajeitar nossa bagagem. Fizemos o registro fotográfico com Capuano e Chica e nos despedimos. Nossa meta do dia era tentar fazer os dois Cânions, o do Itaimbézinho e o Fortaleza. Para chegarmos até o Itaimbézinho tivemos que pedalar 18km por estrada de terra. Para ir o trecho é mais a descer. Quase duas horas de pedal e chegamos ao parque. Ingresso para cada pessoa custa R$ 6,00. Começamos a trilha do Cotovelo, 6km de ida e volta nas bordas do Cânion. A outra trilha denomina-se Vértice, essa bem mais curta, mas também com lindos visuais de frente para as cachoeiras. Após a visitação ao parque, tivemos que retornar para o centro de Cambará do Sul. Essa volta foi brutal, com as subidas nos castigando bastante, juntamente com o sol que estava forte. Já no centro, fomos almoçar no mesmo local do dia anterior, pois a comida era muito boa. Minutos depois fomos até um posto de combustíveis, calibrar nossos pneus. Conversando com um funcionário do posto, descobrimos que o acesso para o Cânion Fortaleza 22km, estava todo asfaltado. Um alívio até então, a melhor notícia do dia. Asfalto novinho, com várias lombadas e sem acostamento, com placas indicando animais silvestres á todos instantes.

Mas essa informação do funcionário não estava completamente correta, nos deparamos com máquinas e homens trabalhando na estrada, ou seja, o acesso não estava concluído. Desse local em diante a estrada estava muito ruim, buracos e muitas pedras. A pedalada não rendia nada, foram mais 4km assim, até chegarmos à guarita de identificação dentro do parque. Eram 15h e 30 min., uma leve garoa caía. Perguntamos ao funcionário do IBAMA como estava a visão do Cânion, e ele nos informou que estava lindo. Não esperamos muito tempo e fomos em direção a ele, já que o parque fechava ás 18h00min. Foram mais 4km com a estrada muito ruim, e para piorar, uma máquina revirando a terra e os cascalhos para melhorar o acesso dos carros. Tivemos que abandonar as bicicletas, assim como quem estava de carro, para podermos entrar em uma porteira. Começamos a caminhada sobre os campos e logo nos deparamos com um lugar fantástico. Enormes paredões, rodeados de vegetações verdes em um abismo. Subimos até o ponto mais alto do Fortaleza, onde foi possível ver a cidade de Torres ao longe. Eu só tinha visto aquela visão do Fortaleza na televisão e em cartões postais até então. Ver aquilo tudo com meus próprios olhos fora uma sensação inexplicável. Em seguida voltamos para pegar as bicicletas e voltamos para aquela estrada desgraçada. Faltava encontrar a famosa pedra do segredo, não havia identificações de placas dizendo onde ela estava. Apenas uma placa velha na beira da estrada dizendo pedra do segredo e mais nada. Cada um deve se virar e procurar pelas várias trilhas existentes. Já estávamos sem tempo, e mesmo assim resolvemos dar uma procurada. Fui caminhando por dentro do rio que estava baixo até encontrar a cachoeira do Tigre Preto, mas nada da pedra. 

Tentamos ainda outra trilha, mas nada. Chegando á guarita da saída do parque, perguntamos ao vigia onde estava escondida a maldita, e ele nos disse: Do lado do rio tem uma trilha que dá acesso á ela, ou seja, tínhamos que atravessar o rio.Fizemos isso, mas em direção contrária. Mas sem stress, ela continuará lá, não irá fugir, a não ser que caia.

Saindo do parque minha bicicleta resolveu quebrar, não tracionava mais. No primeiro instante, achei que fossem problemas na caixa central. Um momento muito tenso, mas devidos a várias situações em que já passei em outros pedais, o jeito foi manter a tranquilidade e a paciência. Caminhando, mais ao mesmo tempo tentando encontrar soluções para o problema. Alguns metros mais a frente, encontramos um caminhão e juntamente com ele, alguns operários que trabalhavam nas obras de asfaltamento, já no término de sua jornada de trabalho. Perguntamos se estavam indo para o centro de Cambará do Sul, responderam que sim. Têm carona para nós? Disseram sim mais uma vez. Alívio, embarcamos as bikes na carroceria do caminhão com a ajuda dos operários e partimos até o centro.Tratamos de arrumar uma pousada para fazermos o pernoite. Ainda nesse dia começamos a perguntar para as pessoas de Cambará do Sul, onde havia uma bicicletaria na cidade. Após algumas tentativas, chegamos ao nome do Cléo, vulgo Bife. Fomos até sua casa, mas ele não se encontrava. Seu número de celular estava pintado em sua oficina junto a sua casa. Liguei para ele dizendo que no dia seguinte iria à oficina tentar consertar a bicicleta para seguir viagem. Total do dia 80km



No quinto dia de viagem, logo cedo, por cerca das 8h e 30min, fomos até a bicicletaria do Bife. O problema não era na central, e sim meu cubo traseiro que havia quebrado. Por ser uma oficina pequena, Bife não possuía a maioria das chaves para abrir o cassete. Após algumas marteladas, conseguimos abri-lo para trocarmos o cubo. Minha roda era com 32 raios, na oficina só tinham cubos para 36 raios. O jeito foi montar a roda assim mesmo. Também não pude usar meu cassete, tivemos que colocar uma catraca comum para acoplar com o cubo novo. Com essa troca minha bicicleta ficou com várias marchas a menos, tornando as pedaladas mais pesadas. Saímos da oficina perto de meio dia, após os consertos realizados. Após o almoço, partimos em direção a São José dos Ausentes. 

Pedalamos cerca de 2km e meu pneu traseiro furou. Tirei o pneu e percebi que a fita de raio havia ficado na oficina. Por esse motivo, a câmera havia furado. Com a bicicleta da Luiza, voltei até ela para buscar a fita e colocar um remendo na câmera furada. Luiza esperou alguns instantes até eu voltar. Trocamos a câmera e seguimos a viagem.
Sabíamos que íamos ter 12km de estrada asfaltada pela frente até chegarmos ao distrito de Ouro Verde. Até nesse local tudo tranquilo, apenas tive que soltar o freio traseiro porque estava batendo na roda que havia ficado mal centrada. De Ouro Verde em diante, a estrada começou a ficar ruim, com várias pedras soltas. Pedalamos mais um pouco até chegarmos á placa da divisa municipal entre Cambará do Sul/ São José dos Ausentes.
Uma das versões do nome Ausentes, é que poucas pessoas ficavam morando neste local por muito tempo, devido às péssimas condições climáticas, o frio era tanto que a cidade frequentemente tinha seu povo ausente.
Após cruzarmos a ponte sobre o rio que limita as duas cidades, as subidas começaram a ficar constantes. O empurra bike foi necessário em alguns momentos morro acima. Assim foi, até chegarmos à pequena e fria Ausentes. Conseguimos encontrar um mercado ainda aberto, onde compramos mantimentos e em seguida procuramos uma pousada. Total do dia 55km.




Sexto dia: Saímos de São José, com um pouco de atraso. Ao pegarmos as bicicletas para sair, meu pneu traseiro estava furado, consertamos e em seguida fomos fazer o registro fotográfico do famoso termômetro que fica junto à pracinha central da cidade, onde marcavam 10°C, em pleno verão de janeiro.
Pedalamos alguns km, com muitos campos em nosso entorno. A próxima localidade que íamos encontrar era o distrito de Silveira. Uma pequena localidade com alguns barzinhos e poucos moradores costeada pelo rio Cerquinha. Após Silveira pedalamos aproximadamente mais uns 20km até encontrarmos a Fazenda dos Aparados da Serra. Local este em que paramos para fazermos o almoço. Deixamos nossas bagagens na pousada para não carregar pesos desnecessários e fomos em direção ao ponto mais alto do estado do RS, o Cânion e Pico Monte Negro, que está a 1403 metros de altitude.
Para chegar até o Monte Negro tivemos que pedalar mais 4km, abrindo as porteiras que ficavam no meio da estrada. Havia muita neblina, por volta das 13h e 30min. Mesmo sabendo que não daria para ver o Cânion, resolvemos ir até sua borda, para ao menos vermos a neblina e de termos a sensação de já ter tido colocados nossos pés naquele local. Retornamos até a pousada para pegarmos nossas bagagens de volta e seguimos a viagem. Faltavam mais 45km para chegarmos até o local de nossa meta do dia, Bom Jardim da Serra/ SC.

Sempre é bom estabelecermos metas a cumprir, assim, sempre ficará uma missão a ser cumprida em cada dia.
Após encontrarmos a ponte que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina, o número de subidas aumentou, a estrada em certos pontos vira um caminho de carroça.O empurra bike vira necessidade. Nesse momento, minha bicicleta resolveu quebrar novamente. Mas dessa vez ainda conseguia dar algumas pedaladas de vez em quando. Momento crítico, tenso. Mais uma vez o meu psicológico foi colocado em jogo. Muitas coisas se passam na cabeça nesses instantes, vontade de chorar, de gritar, de ficar sentado, de chutar a bicicleta, de desistir. Mas nada disso iria resolver, a não ser seguir de alguma maneira.
Muitas macieiras foram avistadas nesse trecho, mas foi difícil roubar algumas, pois todos os pomares estavam cercados com arames farpados.
O final da tarde se aproximava, e com isso o frio começara a ficar intenso. A neblina também dava o seu espetáculo. Parecia que estávamos num final de tarde cinzento de inverno. A bicicleta nessa altura, já tinha ido para o “espaço”. Tentei jogar marchas para cima e para baixo á todos os instantes para poder tentar engatar ao menos uma. Raramente engatava para conseguir dar algumas pedaladas.
Antes de chegarmos á Bom Jardim encontramos um pedaço da rodovia em obras de asfaltamento. Ao menos a buraqueira e o caminho de carroça não precisamos mais percorrer. Uns 5km de subidas sem poder pedalar e mais uns 3 a 4km de descidas até chegarmos ao centro da cidade, que estava encoberta de neblina. As pousadas estavam praticamente todas lotadas e tivemos que ficar no hotel da cidade, que nos cobrou um valor salgado em relação aos demais pernoites. Total do dia 99km.



Sétimo dia: Após o café da manhã, tivemos que resolver se chegaríamos até Urubici pela rodovia asfaltada, ou pelo caminho alternativo com estrada de terra. Era um domingo de manhã, sem hipóteses de encontrar alguma oficina para ajeitar minha bicicleta. Resolvemos seguir pelo caminho alternativo, deixando a cidade pela localidade de Santa Bárbara.
A Bicicleta só funcionava as marchas quando eu dava uns gritos, parecia um fusca velho que necessitava de empurrões para engatar. No início, tivemos que perguntar a moradores locais onde era o caminho correto para seguirmos em direção a Santa Bárbara. Havia algumas bifurcações e porteiras para nos confundir. Nosso GPS, era um mapinha impresso de alguns locais. Santa Bárbara não constava nele. Fomos seguindo, com a estrada ruim novamente. A bicicleta com seu segundo cubo quebrado, eu empurrando, a Luiza me empurrando. Aproveitava as descidas e seguia com cuidado. 
Eu só tinha o freio dianteiro, muitas vezes o pneu escorregava nas pedras e o risco de tomar um capote era grande.
Não encontramos nada no caminho, nenhum bar, nenhuma mercearia, absolutamente nada. Comemos alguns biscoitos, esse foi nosso almoço.
Andamos pela estrada rodeada de muitas araucárias tomadas de barba de pau.
Encontramos o rio Pelotas, que faz a divisa de Bom Jardim, com Urubici. Fomos costeando ele com lindas paisagens em nossa volta. As subidas foram ficando cada vez mais fortes. Empurramos as bicicletas por um bom trecho até avistarmos um senhorzinho em uma casa para pedir algumas informações. A Luiza foi falar com ele.Quando foi para dar a mão para cumprimentá-lo, as mãos dele estavam ensanguentadas. Ele estava carneando um animal de sua propriedade. Então estendeu seu braço para a Luiza e disse: Vocês vão subir mais um pouco e depois ajam freios para descer 12km até Vacas Gordas. Retornamos para a estrada, empurramos mais um pouco e chegamos ao topo do morro. Em meio à descida, um taxista parou e nos anunciou a tragédia de Santa Maria, onde mais de duzentas pessoas haviam morrido tragicamente.
Continuamos a descer até chegarmos á Vacas Gordas, distrito de Urubici. Nesse momento não hesitei de pedir carona para um senhor que estava de camioneta que passava pelo local. No primeiro instante, disse que não seria possível dar carona, porque já havia dois ocupantes nela e teríamos que acessar a rodovia por cerca de 18km até Urubici, onde a polícia rodoviária fazia blitz. Alguns metros à frente, pararam e nos disseram para embarcar as bicicletas na camioneta. Falaram com um amigo que morava na localidade, que estava indo para Urubici de carro.
Enfim, bikes na camioneta, que foram levadas até a lancheria do “Pescoço” e nós de carona no carro dele até sua lancheria para pegarmos as bicicletas. No caminho, “Pescoço” foi nos dando várias dicas sobre a cidade. Mostrou onde ficava a bicicletaria e nos indicou uma pousada muito boa onde ficamos hospedados.
Mais tarde fomos até sua lancheria, para retribuirmos a grande ajuda que havia dado a nós. Total do dia 42km




Oitavo dia: Primeira coisa a ser feita foi ir á oficina resolver o problema da minha bicicleta. O mecânico Adriano resolveu tudo de maneira perfeita. Dessa vez, a oficina possuía chaves e ferramentas, que possibilitou um trabalho bem realizado. Ficamos conversando por quase toda a manhã enquanto a bicicleta era arrumada. Foi então que Adriano nos ofereceu uma carona no dia seguinte para irmos até o Morro da Igreja. Se nossa escolha fosse ir pedalando, íamos ter 33 km para fazer, destes 18km de subidas muito fortes para subir até o Morro situado a 1800 metros de altitude. Teríamos que sair pelas 04h00min horas da manhã da pousada para chegarmos ao topo do morro entre 08h00min e 09h00min da manhã. Para que, com muita sorte vermos a pedra furada sem neblina. Não hesitamos e aceitamos essa carona marcada para as 07h00min da manhã do dia seguinte.
Na parte da tarde, fomos fazer o percurso em que no dia anterior passamos de carro. Subidas fortes até o local onde havia as inscrições rupestres de civilizações passadas, mirante de Urubici, até chegarmos á cachoeira do Avencal. Após a visitação da mesma, retornamos ao centro de Urubici. Total do dia 31km.
Nono dia: Conforme combinado, Adriano estava as 07h00min, juntamente com sua esposa em frente da pousada para nos levar até o Parque Nacional São Joaquim.
Embarcamos as bicicletas no reboque e partimos até lá. Não quis nos cobrar nada, nem a gasolina gasta, apenas exigiu que quando chegássemos em casa, mandarmos as fotos da viagem para eles. 

Despedimos-nos e agradecemos muito ao casal.
Ficamos por cerca de meia hora avistando a pedra furada, fazendo os registros fotográficos de um lugar fantástico. A neblina começava a chegar, tivemos sorte.
Talvez se fossemos pedalando até lá não daria tempo de vermos todo aquele cenário que avistamos.
Em meio á neblina, começamos a descida. Fomos até onde está localizada a cascata Véu de Noiva em uma propriedade particular. Aproveitamos para tomar um chocolate quente, que estava morno e com muito açúcar. Como fazia tempo que não chovia na região a cascata estava sem o seu brio, ou seja, sem praticamente nada de água escorrendo nas pedras.
Retornamos para a estrada, onde furei mais um pneu. Nosso próximo destino era a Serra do Corvo Branco.
Para chegarmos até a Serra do Corvo, tivemos que pedalar mais 34km. Neste local foi realizado o maior corte em rocha arenítica no Brasil, paredões com mais de noventa metros de altura.
Mais um pneu furado e consertado.
Começamos a descer em direção a Grão Pará com a estrada com bastante areia. Fazia bastante calor. Paramos em uma sombra para almoçar biscoitos novamente. Devido á falta de chuvas, a estrada estava com muita poeira. O tráfego de caminhões intenso. Alguns quilômetros mais adiante, paramos em um barzinho para pedir informações da região. Primeiramente o roteiro seria para Rio Fortuna, São Bonifácio, Santo Amaro da Imperatriz até Floripa, mas resolvemos encurtar a rota e rumar para Braço do Norte, Gravatal, até Tubarão. Total do dia 113km






Chegamos á Tubarão de tardezinha, compramos as passagens de retorno e ficamos até o dia seguinte.

Tratamos de encontrar uma papelaria para comprarmos plástico bolha e fita adesiva para embalarmos as bicicletas para embarcar no ônibus. Falamos com o motorista que havia duas bicicletas para serem embarcadas, bem embaladas. Mais uma vez fomos mal atendidos pelos funcionários da Viação União Santa Cruz. Mesmo com as bicicletas embaladas a primeira coisa que os motoristas disseram foi: Não tem espaço.
Fizeram cara de nojo, mas acabaram encontrando um lugar para embarcar as “malditas bicicletas”.
E assim terminou mais uma expedição com 750km, com muitas estórias, risadas, aprendizados, perrengues, testes de paciência, equilibrio mental e espírito de liberdade. E acima de tudo, mais amizades conquistadas
Agradecimentos:
Mauro Heck ( Iowa EUA)
Bife ( Cambará do Sul)
Adriano Manente (Urubici)
Pescoço (Urubici)
Luiz Capuano e Chica (Cambará do Sul)
David Kurz e Diego Pabo (Caxias do Sul)